Quando duas partes da carne se juntam e permanecem unidas, sorri! Iniciou-se o processo de cicatrização...
Um passo é sempre precedido de outro passo e a ele segue-se outro! Não vale a pena fugir... a terra gira, os dias sucedem-se e nós seguimos em frente...
Passos largos e confiantes, outros mais pequenos e timidos! Da diferença no passo faz-se a variedade da vida...
Com gritos de esperança acreditamos no amanhã! Não temos motivos para não o fazer...
Acima de tudo quando, com a cabeça na temperatura ideal, olhamos para trás e verificamos que caminhámos sempre bem... demos o melhor de nós para chegar ao destino!
Este post é inteiramente dedicado a dois amigos!
À minha querida beijodelua que ouviu recentemente esta música enquanto produziu um dos seus maravilhosos textos...
Ao meu louco amigo Brama que sonha em visitar este país, um dia meu amigo...
O Fim. 04 de Fevereiro de 2006 a 18 de Novembro de 2007*
* Datas do vento… para o viajante narrador as datas sofrem um atraso de uma semana.
The End, em Inglês! A célebre frase que, ao estilo “hollywoodesco”, encerra as clássicas películas que nos habituámos a ver no grande ou pequeno ecrã. Embora alguns, mais arrojados, realizadores tivessem arriscado finais trágicos, a regra, ao estilo das histórias de encantar, era o Happy End. Tudo está bem quando acaba bem!
Longe da tela de cinema ou do encantado ambiente das histórias que se contam às crianças, a vida passada no palco da realidade é diferente, para não dizer antagónica. O fim implica, quase sempre, dor. Nunca fui, fisicamente, apunhalado no peito mas, imagino que a dor provocada seja em tudo semelhante à dor imposta pelo fim de uma vida a dois. Serão dores em planos distintos… certamente! Uma mais física, outra mais espiritual. Refiro-me à essência da sintomatologia: o ardor e a pressão na caixa torácica, que parece pronta a explodir a qualquer momento e, no entanto, está em contracção, a dificuldade em compassar a respiração que se processa com dificuldade, o fluxo sanguíneo começa a não ser oxigenado e chega ao cérebro descompensado, conduzindo à falta de lucidez, as pernas perdem força, os braços estendidos ao longo do corpo anunciam o momento em que caíremos no chão. O momento do impacto da lâmina a rasgar a carne é quase vazio e ausente. O efeito surpresa baralha o cérebro no instante em que os impulsos nervosos comunicam a dor. Mas ela chega em breves momentos, passada que é a perplexidade… gélida, profunda, cortante. O grito é sufocado pela repentina dor e pela falta de ar… falta-nos o ar. As mãos suam mas, curiosamente o corpo está gelado. Tão gelado como o chão que acolhe a nossa queda.
O Caminhante e o Vento – Retalhos de uma vida...
Não recordo todos os pormenores… Lembro-me, vagamente, de caminhar perdido pela estrada da vida. “Mas sentia-me bem com o corpo a descansar”, quando descobri uma rua, estreita e escura, que me pareceu um caminho mais rápido para alcançar um objectivo que eu próprio ainda não havia definido. Este novo caminho parecia sinuoso, difícil e até perigoso. Ao mesmo tempo tinha mistério. Havia algo que me impelia a avançar… Era o vento! Soprou-me ao ouvido e com palavras vazias conquistou-me. Era quente aquele vento. Ao mesmo tempo frio, por vezes gélido. Outras vezes morno e algumas quente… reconfortante, amigo até. A cada passo que avançava sentia-me mais envolvido pelo vento. A rua revelou-se irregular e instável, estreita e escura… cada vez mais escura à medida em que cada passo me afastava do caminho original. Segui em frente, por vontade própria, com o vento como companhia. Aquele vento, mistura de Bora e Suão, que me soprava no pescoço e me mordia a orelha… era tão viciante aquele vento que me acompanhava na caminhada.
A rua continuava estreita e escura, às vezes levemente iluminada, em breves trechos, pela trémula luz dos velhos candeeiros a gás. Nos momentos de luz procurava compreender a forma e a dimensão das sombras e silhuetas que se projectavam nas paredes. Estranhas e bizarras figuras eram-me dadas a conhecer. Se semicerrasse os olhos vislumbrava a beleza de algumas fachadas dos imponentes edifícios de pedra que ladeavam os dois lados da, estreita e escura, rua onde acabei apunhalado. Por vezes o medo invadia-me, a incerteza entranhava-se mas, o fascínio permanecia e seguia em frente ladeado pelo vento.
De tempo a tempo, quando o vento soprava mais frio, perguntava-lhe se a estreita e escura rua em que caminhava continuava segura. Por entre sopros e sorrisos o vento assegurava que todos os meus medos eram VIRTUAIS e não passava disso mesmo… Nestas alturas o vento soprava quente, roçava-me a pele e mordiscava-me a orelha ao mesmo tempo que se aproximava mais um velho candeeiro a gás. Segredava ao meu íntimo “não tenhas medo” e seguia em frente. Foram tantos passos em vão. A um e outro candeeiro a gás, a um e outro sopro quente do vento, seguia-se a escuridão e o sopro gelado que eu tentava ignorar, que eu procurei iluminar e aquecer como o simples tom da minha voz... cantando e oferendando o melhor de mim. Tropeçava, vez após vez, mas seguia em frente. Fui muitas vezes abandonado pelo vento… não soprava quente, não soprava frio, simplesmente não soprava! E o vazio que se gerava na, estreita e escura, rua angustiava-me. Tantas vezes bati no meu próprio peito que acabei por marcá-lo para sempre. As feridas cicatrizavam mas as marcas ficaram... segui em frente. No mais profundo do meu âmago acalentava a esperança de um dia chegar a uma ampla e bem iluminada praça, com o vento por companhia, soprando quente a meu lado e empurrando-me para a frente…
Não alcancei o objectivo! Não fiz o suficiente para merecer alcançá-lo!
Fiquei pelo caminho… apunhalado!
Um dia, das sombras da rua, surgiu mais uma pedrada… VIRTUAL – soprou o vento. Ainda hoje não compreendo como é que o imaginário provoca dores tão reais.
Foi o aviso de que algo maior estava para vir. O vento deixou de soprar. Não soprou durante um dia inteiro. Esperou pela noite e apanhou-me no meio da exaustão. Estava extenuado de pensar nos porquês. Porquê aquele fascínio pelo vento, porquê tanta humilhação, porquê tanto amor lançado ao ar… Sem avisar o vento levantou-se, vindo não sei de que lugar daquela estreita e escura rua. Soprou forte como um turbilhão, gelado como um glaciar e com toda a força levantou no ar a faca que me acertou, em cheio, no peito.
O vento, que sempre troçou de mim, riu-se de me ver no chão. Como cão atropelado lambi, por uma semana inteira, as minhas feridas. O vento cessou… por uma semana. Mas, não estava satisfeito e voltou. Estendeu-me a mão com o seu habitual sorriso, que hoje sei que é de escárnio.
- Levanta-te e segue-me – disse - e com um suposto carinho levantou-me e carregou-me ao colo…breves e fugazes momentos de felicidade. Senti que seria capaz de seguir em frente naquela, estreita e escura, rua… Puro engano!
Havia um requinte de malvadez planeado pelo vento. Segurou-me nos braços para me deixar cair do mais alto que teve forças para me elevar. Aquele vento que acompanhei por tantos passos naquela, estreita e escura, rua e teria acompanhado até nem sei onde.
O embate no chão foi pior que a punhalada… desta vez gritei de dor. Morreu a ilusão que, por trás do sopro gélido, o vento tinha por mim um sentimento bonito que se demonstrava na graça de alguns sopros.
Queria vingança? Acusou-me de lhe ter dado pedradas ao longo de todo o percurso naquela estreita e escura rua...
Ao vento grito bem alto:
- As pedras que te atirei foste tu que me as puseste na mão!
… estupidamente, tenho saudades do vento!
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